terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Estudo da origem da palavra Bruxa em sânscrito


Buscar a origem de uma palavra é uma tarefa bastante complicada. A complicação é geometricamente maior quanto mais antiga esta palavra for. O termo “bruxa” é uma palavra cujo estudo desafia os lingüistas e etimologistas. Palavra corrente nos vernáculos português e espanhol (bruxa-bruja), sua origem é nublada pelo véu do tempo.
Os últimos estudos apontam sua origem no Sânscrito, significando mulher sábia.
Realmente podemos encontrar no sânscrito atual, diversas palavras que podem ter influenciado na Antiguidade:
Com o significado de brilhante temos a palavra भ्राज (bhrAja) que pronuncia-se braechi.
Significando sábio (com pronuncia brókia)   प्रज्ञ.
 Sagrado Sábio बुधान – (budhAna) com pronuncia budan.
Mulher Sábia विदुषी – pronuncia-se bidushi.
Com o significado de pessoa que cultua a Deusa-Mãe (Zakti) भारुष - bhAruSa pronunciada barush.
Em termos de fonética os sons mais próximos da palavra bruxa são
भ्रज - bhraja (pronuncia brache) significando fogo.
Ou ainda प्रदुष्ट - praduSTa ( pronuncia-se braduxa) que significa enfeitiçado
E também ऋभुष्ठिर (RbhuSThira) pronuncia-se dbrushi) que significa esperto e sábio
Finalmente temos a palavra प्लुषि  (pronunciada bruxi) que significa inseto voador, formiga alada (lembrando que a palabra bruxa também se refere a um tipo de mariposa).
Podemos perceber pelo estudo acima que a afirmação da origem sânscrita da palavra “Bruxa”, tem bastante fundamento, porém certeza 100% somente se encontrarmos a Revista Veja da época com o próprio Pánini na capa.
A origem do sânscrito é tema de discussão. Os estudiosos atualmente concordam que trata-se de um idioma indo-europeu, e que foi estabelecido na Índia pelos Arianos em torno de 4.500 AEC. A origem dos Arianos é controversa, alguns dizendo que vieram na Europa Setentrional, outros afirmando que vieram da Anatólia. Podemos entrever uma relação entre os Arianos e os Celtas, ambas raças indo-européias, devido a grande interação na Europa que os Celtas fizeram durante o período de 4.000 a 1500 AEC, parte através de conquistas, parte através de migrações, parte ainda através do comércio e intercâmbio cultural, conforme as escavações de Hallstadt (Áustria) comprovam. O sânscrito, anteriormente chamado Védico, tem seus primeiros registros datados dos séculos 6 e 5 AEC, ou seja - há mais de 8 mil anos.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Grandes Nomes da Wicca 5 - Monique Wilson

Lady Olwen - nome pagão de Monique Wilson
Conhecida como a Rainha das Bruxas, ela pagou um alto preço pela sua dedicação à Deusa.


Imagine uma menina, ainda criança, conhecer um amigo de seu pai, tratá-lo como tio, depois enfrentar mil problemas, inclusive uma guerra mundial, mudar de cidade, de país, até de continente. Um belo dia, a menina, que agora já é uma mulher casada, lê um livro que desperta seus instintos e vai procurar pelo autor, para descobrir que este é - nada mais, nada menos - que aquele seu antigo tio, lá da tenra infância. 
Parece anime, mas esta é a história de Monique Wilson e seu "tio" Gerald B. Gardner.

Nascida em Haiphong, Vietnam do Norte em 1928, filha de pais franceses, seu pai era um oficial da marinha que trabalhava no porto de Haiphong, e foi devido aos atributos da função de seu pai no porto que ela conheceu um funcionário da alfândega britânica, que ela tratava como “Tio Gerald”. (Se vc não leu a história de Gerald B. Gardner, veja neste blog - grandes nomes da Wicca 1).
Mas veio a Segunda Grande Guerra, e seu pai foi assassinado (1939), forçando a pequena Monique a fugir com sua mãe para Hong Kong. Lá a vida também não foi fácil, piorando ainda mais após as forças britânicas se renderem às forças japonesas (1941). Um pouco de alívio surge após a derrota do Japão (1945) e o retorno dos britânicos à ilha. Foi em Hong Kong que Monique conheceu seu marido,  Campbell Wilson, um escocês conhecido, obviamente, como Scotty. O casal permaneceu em Hong Kong até 1954, quando se mudaram para Perth – Escócia, onde Scotty passou a trabalhar num posto de gasolina, e em 1957, tiveram uma filha – Yvette.
Monique Wilson e seu "tio" Gerald B. Gardner
Foi nesta época, praticamente vinte anos depois de Haiphong, que Monique se interessou pela “Antiga Religião”, que estava sendo muito divulgada nos jornais, destacando a figura de Gerald Gardner,  proprietário do Museu da Bruxaria e Magia na Isle of Man. Monique entrou em contato com Gardner sem saber que se tratava do mesmo “tio” Gerald dos tempos de sua infância.  Após reconhecer o antigo amigo, Monique foi iniciada na Arte, sendo promovida a Sumo Sacerdotisa em 1961.
O objetivo de Gardner na época era divulgar ao máximo a Wicca, abrindo vários covens na Inglaterra e na Escócia. Assim Monique e seu marido abriram um coven em Perth, onde Gardner era um visitante bastante regular, tratando Monique como uma sobrinha de fato (Gardner não tinha filhos).
 Rapidamente Monique tornou-se uma porta-voz de Gardner e a imprensa britânica passou a tratá-la como “Rainha das Bruxas”. Como descrevi em Grandes Nomes da Wicca 4 – foi Monique Wilson (cujo nome na Arte era Lady Olwen) quem fez a iniciação de Raymond Buckland. Esta foi a única vez que Gardner e Buckland estiveram juntos e foi a última vez que Monique se avistou com Gardner. Após o ritual Gardner partiu para o Líbano em férias e faleceu durante a viagem de navio.
 E aqui, através do testamento de Gardner,  surgem algumas peças do quebra-cabeças que nos ajudam a compreender um pouco melhor o “Pai da Wicca”. Ele deixou um belo patrimônio para Monique , estimado em mais de 21 mil libras na época, inclusive o Museu na Isle of Man.  Outro beneficiário de seu testamento, Jack Bracelin, recebeu suas cotas na empresa Ancient Crafts Ltda, que ele formou junto com Dafo para adquirir as terras onde foi estabelecido seu primeiro coven.  Outras três pessoas receberam montantes em torno de mil libras cada uma.
Assim vemos que o “velho” estava realmente em boas condições financeiras, tinha posses, e percebemos que (como Prof. Ronald Hutton apontou em Triumph of the Moon) a verdadeira identidade da misteriosa  Sumo-Sacerdotisa que iniciou Gardner em New Forest provavelmente foi Dafo, e não Dorothy Clutterbuck.

Voltando à história de Monique -
 Durante anos a imprensa a ufanizou como "Rainha das Bruxas" para em 1969,  dar espaço a rumores mau intencionados dos vizinhos, que suspeitavam que a filha de Monique (Yvette) era utilizada em rituais profanos e sexuais. Os boatos por mais ridículos e infundados que fossem, repercutiram amargamente e deram motivo  para o governo intervir, arrancando a guarda da menina de seus pais.
O afastamento de sua filha perdurou por três longos anos, só posso imaginar a agonia e o sofrimento que Monique sentiu durante este período. Deprimida, acabou enveredando pelo alcoolismo, forçando seu marido a tomar a frente da família.

Não causa nenhuma estranheza que quando a guarda da menina foi devolvida à família, os Wilson se mudaram da Escócia para a Espanha, optando por morar em um pequeno vilarejo.
Devido à grande distância e a problemas financeiros foram obrigados a vender o Museu herdado de Gardner. Este ato provocou revolta e críticas de diversos Wiccans britânicos, porém a situação de Monique era insustentável, depois de toda a humilhação e sofrimento que passou,  não  tendo como manter o legado de Gardner. Após dois anos de sua mudança para Espanha Monique acabou por ausentar-se da comunidade Wiccan.

Esta sensacional mulher deixou nosso plano de existência em 1982, sendo bastante querida até hoje, principalmente nos Estados Unidos, devido aos trabalhos de Raymond Buckland. 


Referencias: 
Triumph Of the Moon - Dr. Ronald Huttom
Site: http://www.witchcraftandwitches.com/witches_wilson.html

domingo, 29 de janeiro de 2012

Grandes Nomes da Wicca - 4 - Raymond Buckland

A Wicca atravessa o Oceano Atlântico e invade os Estados Unidos.

Como praticamente acontece com todos os grandes divulgadores da Wicca, o nome de Raymond Buckland surge na história da Wicca cercado de controvérsias. Acusações e mesquinharias à parte, o cigano Buckland fez uma contribuição imensa na divulgação da Antiga Arte em terras americanas, onde começou a atuar como porta voz de Gerald Gardner em 1963.  Atualmente tem mais de sessenta livros publicados sobre Wicca, feitiçaria, leitura de sorte, magia cigana e obras de ficção.
Nascido em Londres (Inglaterra) em 31 de Agosto de 1934, sendo seu pai um cigano legítimo, Buckland começou aos 12 anos a demonstrar interesse por espiritualidade, esoterismo e ocultismo. Apesar de ter morado até o início de sua vida adulta na Inglaterra, foi somente após ter se mudado para os Estados Unidos em 1962 que ele tomou contato com a Wicca. Primeiro através do livro "Witchcult in Western Europe" da Dra. Margaret Murray, seguido por "A Bruxaria Hoje" que o levou a entrar em contato  com Gerald B. Gardner.  Ele conta que o impacto do livro de Gardner foi muito grande, revelando a ele o que estava faltando em sua vida.
Raymond e Rosemary
 Daí surgiu uma amizade de longa distância (baseada em cartas e telegramas, naquele tempo não havia e-mails nem facebook) que culminou com a viagem de Buckland e sua primeira esposa (Rosemary) para a Escócia, onde ambos foram iniciados por Monique Wilson (Sumo Sacerdotisa de Gardner) em um coven em Perth. Esta foi a única vez que Buckland e Gardner se encontraram pessoalmente.
Buckland retornou aos Estados Unidos, onde cautelosamente foi desenvolvendo as bases para seu coven. Em 1968 ele abriu o Primeiro Museu de Bruxaria e Magia dos Estados Unidos em sua casa, situada em Long Island. Descoberto pela imprensa ele se tornou alvo de inúmeras reportagens e sua fama  (tanto de escritor como de bruxo) foi crescendo, permitindo que, a partir de 1973,  ele passasse a viver somente da publicação de livros e de cursos .
Em 1974, após ter se divorciado de Rosemary e mudado para New Hampshire, abrindo um novo museu, um novo coven e com um novo casamento, Raymond opta por desligar-se da tradição Gardneriana, movido por intrigas e egocentrismos de outros integrantes da tradiçao. Assim ele funda a tradição Seax Wicca, baseada no folclore saxônico. Sua tradição, mais aberta e democrática que a Gardneriana, abre cursos por correspondência, e atinge a marca de mais de mil alunos já em 1978, espalhados mundialmente.
Durante a década de 1980 ele foi extremamente ativo na divulgação da Wicca e do Paganismo, participando de centenas de entrevistas e eventos.  Em 1992 Raymond decide afastar-se e viver no interior com sua família, dedicando-se principalmente a escrever obras de ficção. Vive até hoje no Estado do Ohio.
De todos os livros sobre Wicca, o mais conhecido é o "Grande Livro Azul" - O Livro Completo de Bruxaria de Buckland.
Buckland é um dos maiores incentivadores da prática solitária, ao lado de Scott Cunningham, e defende a Iniciação pela Divindade, conforme descreve em seu livro de 1974 "The Tree: The Complete Book of Saxon Witchcraft". 
"Não permita que ninguém lhe diga que, por não pertencer a um coven e porque não foi iniciado (a) por alguém, (alguém que foi iniciado por um outro alguém, que foi iniciado por ainda outro, e assim por diante, ad nauseum) você não seja um (a) Bruxo (a) verdadeiro (a)... Você é um Bruxo (a) e está, desta forna, na melhor tradição da Bruxaria" -  Raymond Buckland - Livro Completo - pag 298.




Referências:
http://www.witchcraftandwitches.com/witches_buckland.html
http://www.raybuckland.com/
http://www.crystalinks.com/wicca.html
Livro Completo de Bruxaria de Buckland (Editora Gaia)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Belo Monte - devemos nos preocupar e tomar posição

Muito tem se discutido nos últimos meses sobre a construção desta hidrelétrica. Busquei me informar, o mais profundamente que pude no pouco tempo que tenho e chego a algumas conclusões:

Primeiro ponto - o Brasil está diante de um apagão energético - porém a malfadada Belo monte está em estudos há vinte  e poucos anos, já tivemos apagões antes, não tem motivo para pressa agora. Tudo pela demagogia, porque esta é a maior obra do PAC, deveriam ter pensado melhor...

Segundo ponto: a truculência do governo Dilma novamente se apresenta. Já bateram em professor grevista, já prenderam bombeiros, mandam o batalhão de choque "controlar" manifestações, agora querem construir a Usina sem ouvir as comunidades que serão afetadas. Mais demagogia.

Terceiro Ponto: opções - energia eólica e solar são caríssimas - é verdade, porém energia de biomassa é barata. Podemos produzir energia a partir de lixo, esterco, até do esgoto.

Quarto ponto - vão investir 30 bilhões mas a Usina vai gerar 40 bilhões por ano - vai gerar 40 bilhões para quem? Para o consórcio que vai administrar e uma parte vai para o governo do Pará, que irá investir na compensação - qual compensação? Vão construir outra floresta em outro lugar? Eu moro no Paraná e nestes vinte anos que existe Itaipú nunca ouvi falar no dinheiro para compensar a destruição de Sete Quedas. Era uma maravilha natural que foi destruída, e apesar dos zilhões que Itaipu gera, temos o Parque de Vila Velha, que é outra maravilha natural, fechado e sem condições de turismo.  E o Parque do Quartelá? e o litoral paranaense? Cadê a tal compensação pela perda de um atrativo turístico? Compensação futura é conversa.

Quinto ponto: precisamos pensar no futuro do Brasil - pois é precisamos mesmo. então que tal em vez de sair por aí poluindo, construindo hidrelétricas e lixões o governo não faz um programa de controle de natalidade, garante educação para o povo (temos um dos piores índices mundiais em número de pessoas com 3o. grau), combate a violência (somos o país com maior número de homicídios no mundo), isso sim é pensar no futuro.

Sexto ponto: mas as madeireiras arrasam vinte vezes mais floresta virgem por ano que a tal Belo Monte - esta justificativa simplesmente é uma prova da falta de vergonha na cara dos nossos governantes. Primeiro que com usina ou sem usina vão continuar roubando madeira na amazônia, segundo que a responsabilidade por esse estrago é do próprio governo. Afinal, tem radar, tem exército, tem satélite, pra quê???


Minha opinião sobre Belo Monte: tem muitas perguntas mal respondidas. Simplesmente não dá para deixar passar assim... em branco.

Assista a Marina Silva falando sobre Belo Monte:


Os caras são da Globo mas nem sempre o "Grande Irmão" está de sacanagem conosco, tem alguns erros ridículos, mas tinha que ter mesmo é da Globo (kkkkkkk).
Concordando ou não com a construção, fato é temos mesmo que nos preocupar mais com o nosso Brasil.


domingo, 4 de dezembro de 2011

Grandes Nomes da Wicca 2

Pop Star, Celebridade, Showman - tudo isto e ainda era Bruxo - Alex Sanders

O surgimento deste que foi um dos mais celebrados bruxos da Inglaterra começa de maneira humilde. Em 9 de Novembro de 1961 Alex envia uma carta se apresentando para Patricia Crowther, após vê-la num programa de televisão. Patricia o recebe em sua casa por três vezes em 1962. Alex conta nestas visitas que sua avô era uma bruxa, cujos ancestrais viveram próximos de Mount Snowdown (País de Gales) e sente-se extremamente atraído pela Wicca. Mais tarde descobre-se que Sanders também havia visitado a Gerald Gardner no seu museu na Isle of Man, e que Gardner havia enviado uma carta a Pat Kopansky solicitando a ela  que fizesse a iniciação de Sanders. Ele permaneceu no coven de Kopansky, nas proximidades de Nottingham, por aproximadamente um ano, como sumo sacerdote (o conven consistia em 5 integrantes na época). Doreen Valiente afirma que foi Gardner pessoalmente quem deu um Livro das Sombras Gardneriano para Sanders.
 Uma reportagem publicada na capa do jornal Manchester Evening Chronicles and News em Setembro de 1962, apresentando uma foto de Alex Sanders vestido com robes adornados com símbolos do livro "Chave de Salomão" foi o estopim para uma guerra de acusações na imprensa, entre Pat Crowther e Alex, que levaram Sanders a romper com a linha Gardneriana.
Maxine Sanders
Em 1964 Sanders encontra Paul King e uma jovem alta e ruiva, Maxine Morris. Eles fundam um coven que em 23 de Junho de 1965 é retratado pelo jornal "Manchester Comet", numa longa reportagem, seguida de artigos escritos pelos próprios Sanders e King em 30 de Junho. Logo outros jornais se interessam e rapidamente Alex Sanders se torna uma figura extremamente reconhecida na Inglaterra, tendo fundado mais dois covens ainda em 1965. Com seu casamento com Maxine, o primeiro casamento Wicca documentado na imprensa,  no final de 65, ainda obtém mais espaço.
Em Abril de 1966 Alex Sanders é contratado pelos estúdios Metro Goldwin Meyer como consultor num filme sobre bruxaria. Em 1967 Alex assume publicamente o título de "Rei das Bruxas" da Inglaterra, contando mais de 1620 iniciados em mais de 120 covens.
Alex Sanders
Diferentemente de Gardner, Sanders não escreveu livros, ele preferiu contratar jornalistas profissionais para transformá-lo num ícone. O primeiro com esta função foi June Jonhs, em 1966. O segundo foi Stewart Farrar que iria eternizar Alex cunhando o nome de sua tradição. O relacionamento dos dois começou em 1969 quando Stewart procurou Alex para uma reportagem para o periódico Reveille, mas o jornalista se impressionou de tal maneira que ele mesmo passou a fazer parte do coven, onde iria depois se apaixonar por uma jovem, Janet Owen. - A história do casal Janet e Stewart Farrar vamos contar em próximos .
artigos.
Adquira o livro de Alberto Sóllomon - clique aqui
Nos anos 70 a imprensa britânica mudou seu tom amistoso para com a bruxaria, passando a perseguir e denunciar. Parte disso foi resultado de filmes como "O Bebê de Rosemary" e depois "O Exorcista", que despertaram uma "cultura satânica". A imprensa sensacionalista se aproveitou para produzir acusações. Muitos Wiccans foram perseguidos e até mesmo presos. O casal Sanders para se preservar mudou-se de Londres para Sussex (1971) onde acabam por divorciar-se em 1973.
Alex permaneceu vivendo em Sussex, de onde em 1979 ele escreve uma carta pungente à duas  revistas britânicas com grande circulação entre os bruxos, pedindo pela reunificação, afirmando que todos podem clamar por autenticidade em seus rituais, usando o Livro das Sombras Gardneriano, ou o Alexandrino, ou mesmo nenhum.

A Tradição Alexandrina tem algumas peculiaridades, o uso de roupas durante os rituais, a presença de símbolos egípcios e de Alta Magia. Entre as grandes contribuições de Sanders estão a aceitação dos homossexuais e a difusão da Wicca pelo Continente Europeu, que depois irá se espalhar pelo mundo..
Até mesmo sua morte tem um aspecto teatral: Alex Sanders deixou esta encarnação no dia 30 de Abril de 1988, véspera de Beltane.

Grandes Nomes da Wicca 1

Vou apresentar uma série com o resumo dos principais Sacerdotes e sua história. Começamos com o Pai da Wicca - Gerald Brousseau Gardner, e na continuação outro nome fundamental: Robert Cochrane.


O mais recente (E PROFUNDO) estudo da história de Gardner foi realizado pelo professor da Universidade de Bristol, Ronald Hutton e publicado em seu livro “O Triumfo da Lua” (The Triumph of the Moon –Oxford University Press). Neste livro podemos acompanhar a trajetória de Gardner, após a aposentadoria de suas atribuições na Malásia. Um homem de profundos conhecimentos  esotéricos e místicos, que havia estudado diversas religiões orientais agora vem se instalar na Inglaterra.
 Percebemos, pelo relato de Hutton, que Gardner era uma pessoa em boa situação financeira, com um casamento estável e movido por uma profunda curiosidade. Havia sido homenageado com o título de doutor em arqueologia malásia pela Universidade de Saigon, devido às suas pesquisas de campo naquela região. Recebeu o título de Cavaleiro do Arco Real em reconhecimento da maçonaria britânica
Mas, diferentemente de outros ocultistas, não gostava de utilizar títulos em sua apresentação. Era um homem alegre, bronzeado, com olhar brincalhão. Seu interesse pelo ocultismo o movia em diversas empreitadas para desvendar os mistérios da magia.
Gardner conheceu a Wicca quando começou a fazer parte da “Comunidade de Crotona” em New Forest, sul da Inglaterra. Como ele próprio nos conta em seu Livro “A Bruxaria Hoje”, (21)  lá conheceu um grupo de bruxas que praticavam a Antiga Religião. Como na época ainda era um crime e uma mácula na sociedade ser bruxa, Gardner despistou quem era a real personalidade no Coven de “New Forest”, contando que havia sido iniciado por uma certa ”Old Dorothi”, quando na verdade sua iniciação foi realizada por “Dafo”, uma jovem que era uma das principais lideranças na “Comunidade de Crotona”  e que foi sócia de Gardner na empresa “Ancient Crafts Ltd” – cujo único propósito foi adquirir um terreno adjacente a um clube de nudismo, próximo a St. Albans, em Hertfordshire, ao norte de Londres. Neste local a empresa de Dafo e Gardner reconstruiu, ainda em 1946, um chalé do século dezesseis repleto de sinais cabalísticos em seu interior. Neste chalé, a partir de 1950, Dafo e Gardner dirigiram o famoso coven de Hertfordshire. Dafo se retirou da sociedade em 1952, em parte por problemas de saúde e em parte por temer por sua reputação, pois Gardner estava cada vez mais determinado a tornar públicas suas atividades.
Em 1951, na Inglaterra, foi extinta a última lei que punia com a morte as pessoas que se auto-proclamassem bruxos. Estava pronto o cenário para Gardner vir a público falar da bruxaria que ele conheceu e pela qual se apaixonou, a Wicca.  Algumas credenciais de Gardner:
·         entre 1933 e 1939 publicou diversas monografias sobre a cultura Malaia, arqueologia e antiga metalurgia cipriota;
·         Doutor em arqueologia Malaia pela Universidade de Saigon
·         co-presidente da Associação Histórica de Bournemouth,
·         Cavaleiro do Arco Real pela maçonaria britânica
·         conselheiro da Sociedade Britânica de Folclore
·        diretor  da seção Inglesa da O.:T.:O.: (Ordo Templis Orienti), onde recebeu o sétimo e máximo grau diretamente de Aleisteir Crowley
·         diretor da Ordem Antiga Druida (Ancient Druid Order).

Robert Cochrane - o homem de preto
A participação de Cochrane na Wicca atual é muito importante pois influenciou diretamente a  Doreen Valiente.  As práticas rituais de Cochrane aparecem  no livro "Where Witchcraft lives" de Doreen Valiente. Apesar de similares às práticas de Gardner apresentam algumas características próprias: a preferência por realização em praias, o uso de bolas de cristal para visualização, o termo "Feliz Encontro e Feliz Partida" (Merry Meet and Merry Apart) que posteriormente Valiente integrou na Wiccan Rede, o uso de um chifre ao invés de um cálice para beber o vinho. Robert Cochrane não deixou nenhum livro próprio e seus escritos foram queimados após sua morte, restaram apenas alguns artigos publicados em revistas de ocultismo e suas cartas com amigos. Podemos reconstituir e entender sua importância através do legado de Doreen Valiente e de um sacerdote e amigo pessoal dele - Evan Jonh Jones. Em 1963 seu coven (Clan of Tubal Cain) era formado por 7 pessoas. Chama a atenção imediatamente que apesar das semelhanças com os rituais Gardnerianos, o coven de Cochrane não usava o chicote e faziam os rituais vestidos de preto. A preferência era para a realização ao ar livre. Cochrane alegava que sua tradição era familiar, tendo sido iniciado com 5 anos de idade. 
Comum a todos os relatos sobre Cochrane é a grande energia mágica que ele emanava e que as pessoas usufruiam durante os rituais. Após sua morte em 1966 três ramificações de Wicca se estabeleceram numa espécie de continuidade: O Coven Regency em Londres que perdurou até 1974, a tradição de Evan Jones, e houve o estabelecimento da Wicca 1734 nos Estados Unidos por um amigo de Cochrane.


PATRICIA CROWTHER - 
Patricia foi uma das primeiras iniciadas por Gerald Gardner, sendo uma de suas quatro herdeiras em seu testamento - em conjunto com Doreen Valiente, Monique Wilson e a sucessora de Dayoni no Coven de Hertfordshire. Pat Crowther foi a Sumo Sacerdotisa responsável  para o Norte da Inglaterra, fundando covens em Yorkshire e Lancashire.  Atuou fortemente da divulgação da Wicca na mídia e em faculdades e colégios (em conjunto com seu marido e sumo sacerdote Arnold Crowther).
Apesar de seus inegáveis méritos na divulgação da Wicca, Patrícia não tinha a diplomacia de Valiente nem a humildade de Gardner e Monique Wilson que recebiam os bruxos pertencentes a outras tradições de braços abertos. Infelizmente seu entusiamo combinado com sua postura férrea criou enormes disputas após a morte de Gardner, levando  inclusive Alex Sanders a criar sua própria tradição (Alexandrina) e tirando as sacerdotisas gardnerianas do comando da Associação Britânica de Bruxaria.   










quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Wicca, Bruxaria, afinal como reconhecer o que é o quê?


Existe muita controvérsia sobre o que é Wicca, o que é Bruxaria, então para facilitar extrai este texto do Livro Wicca Sem Véus:
A Wicca possui características únicas, apesar das várias tradições
diferentes e da prática eclética e pessoal, a Wicca tem um núcleo central que a
distingue perfeitamente:
1. Invocação de círculos e quadrantes;
2. Crença na existência de pelo menos uma Inteligência
Superior (A Divindade), totalmente independente da
vontade humana;
3. Invocação de Divindades, normalmente uma Deusa e
um Deus;
4. Celebração de ciclos lunares, não necessariamente
com prática de magia;
5. Celebração de oito rituais referentes ao ciclo solar.
Estes cinco pontos são obrigatórios para o reconhecimento de um
praticante de Wicca. Assim fica fácil distinguirmos o que é Wicca e o que são
outras práticas de bruxaria. Eu conheço pessoas que praticam certas formas de
bruxaria e magia, mas não tem vinculação com todos os cinco pontos acima.
É bastante comum encontrarmos pessoas que esbarram no segundo
ponto. A crença na Existência positiva e independente de uma Divindade é
inerente e obrigatória em Wicca, seja lá em que forma ou por qual nome se
queira CHAMAR esta Divindade. Se a pessoa não acredita que exista uma
Entidade Maior, uma suprema inteligência, um Ser divino; seja lá qual for o
termo que utilize para denominá-lo, e ainda: que este Ser não depende de forma
alguma dos primatas humanos, existindo de forma plena e independente de
nossa vontade; então esta pessoa não pode se designar Wicca, nem sequer se
denominar pagã, pois a crença na existência de uma Divindade é quesito
obrigatório para filiação na Pagan Federation.
Apesar de que as formas de bruxaria e magia coexistentes neste
alvorecer de novo século, como a Stregga, o hermetismo, o Hoodoo, a Santeria
e tantas outras, têm suas próprias denominações; ainda assim prefiro deixar espaço e liberdade para as pessoas, com outras crenças diferentes da minha e outras formas de expressão de magia, para utilizarem o termo bruxaria sem se sentirem obrigadas ou constrangidas a realizar alguma forma de ritual que lhes
seja estranho.
A bem da verdade o termo bruxaria - assim como o termo witchcraft nos países de língua inglesa, “sorciérie” nos de língua francesa, “hexxen” para os alemães e “brujería” para os espanhóis - é popularmente aplicado a todas asformas e expressões que incluem um sem-número de práticas e crenças, algumas totalmente divergentes da Wicca.