terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Estudo da origem da palavra Bruxa em sânscrito


Buscar a origem de uma palavra é uma tarefa bastante complicada. A complicação é geometricamente maior quanto mais antiga esta palavra for. O termo “bruxa” é uma palavra cujo estudo desafia os lingüistas e etimologistas. Palavra corrente nos vernáculos português e espanhol (bruxa-bruja), sua origem é nublada pelo véu do tempo.
Os últimos estudos apontam sua origem no Sânscrito, significando mulher sábia.
Realmente podemos encontrar no sânscrito atual, diversas palavras que podem ter influenciado na Antiguidade:
Com o significado de brilhante temos a palavra भ्राज (bhrAja) que pronuncia-se braechi.
Significando sábio (com pronuncia brókia)   प्रज्ञ.
 Sagrado Sábio बुधान – (budhAna) com pronuncia budan.
Mulher Sábia विदुषी – pronuncia-se bidushi.
Com o significado de pessoa que cultua a Deusa-Mãe (Zakti) भारुष - bhAruSa pronunciada barush.
Em termos de fonética os sons mais próximos da palavra bruxa são
भ्रज - bhraja (pronuncia brache) significando fogo.
Ou ainda प्रदुष्ट - praduSTa ( pronuncia-se braduxa) que significa enfeitiçado
E também ऋभुष्ठिर (RbhuSThira) pronuncia-se dbrushi) que significa esperto e sábio
Finalmente temos a palavra प्लुषि  (pronunciada bruxi) que significa inseto voador, formiga alada (lembrando que a palabra bruxa também se refere a um tipo de mariposa).
Podemos perceber pelo estudo acima que a afirmação da origem sânscrita da palavra “Bruxa”, tem bastante fundamento, porém certeza 100% somente se encontrarmos a Revista Veja da época com o próprio Pánini na capa.
A origem do sânscrito é tema de discussão. Os estudiosos atualmente concordam que trata-se de um idioma indo-europeu, e que foi estabelecido na Índia pelos Arianos em torno de 4.500 AEC. A origem dos Arianos é controversa, alguns dizendo que vieram na Europa Setentrional, outros afirmando que vieram da Anatólia. Podemos entrever uma relação entre os Arianos e os Celtas, ambas raças indo-européias, devido a grande interação na Europa que os Celtas fizeram durante o período de 4.000 a 1500 AEC, parte através de conquistas, parte através de migrações, parte ainda através do comércio e intercâmbio cultural, conforme as escavações de Hallstadt (Áustria) comprovam. O sânscrito, anteriormente chamado Védico, tem seus primeiros registros datados dos séculos 6 e 5 AEC, ou seja - há mais de 8 mil anos.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Grandes Nomes da Wicca 5 - Monique Wilson

Lady Olwen - nome pagão de Monique Wilson
Conhecida como a Rainha das Bruxas, ela pagou um alto preço pela sua dedicação à Deusa.


Imagine uma menina, ainda criança, conhecer um amigo de seu pai, tratá-lo como tio, depois enfrentar mil problemas, inclusive uma guerra mundial, mudar de cidade, de país, até de continente. Um belo dia, a menina, que agora já é uma mulher casada, lê um livro que desperta seus instintos e vai procurar pelo autor, para descobrir que este é - nada mais, nada menos - que aquele seu antigo tio, lá da tenra infância. 
Parece anime, mas esta é a história de Monique Wilson e seu "tio" Gerald B. Gardner.

Nascida em Haiphong, Vietnam do Norte em 1928, filha de pais franceses, seu pai era um oficial da marinha que trabalhava no porto de Haiphong, e foi devido aos atributos da função de seu pai no porto que ela conheceu um funcionário da alfândega britânica, que ela tratava como “Tio Gerald”. (Se vc não leu a história de Gerald B. Gardner, veja neste blog - grandes nomes da Wicca 1).
Mas veio a Segunda Grande Guerra, e seu pai foi assassinado (1939), forçando a pequena Monique a fugir com sua mãe para Hong Kong. Lá a vida também não foi fácil, piorando ainda mais após as forças britânicas se renderem às forças japonesas (1941). Um pouco de alívio surge após a derrota do Japão (1945) e o retorno dos britânicos à ilha. Foi em Hong Kong que Monique conheceu seu marido,  Campbell Wilson, um escocês conhecido, obviamente, como Scotty. O casal permaneceu em Hong Kong até 1954, quando se mudaram para Perth – Escócia, onde Scotty passou a trabalhar num posto de gasolina, e em 1957, tiveram uma filha – Yvette.
Monique Wilson e seu "tio" Gerald B. Gardner
Foi nesta época, praticamente vinte anos depois de Haiphong, que Monique se interessou pela “Antiga Religião”, que estava sendo muito divulgada nos jornais, destacando a figura de Gerald Gardner,  proprietário do Museu da Bruxaria e Magia na Isle of Man. Monique entrou em contato com Gardner sem saber que se tratava do mesmo “tio” Gerald dos tempos de sua infância.  Após reconhecer o antigo amigo, Monique foi iniciada na Arte, sendo promovida a Sumo Sacerdotisa em 1961.
O objetivo de Gardner na época era divulgar ao máximo a Wicca, abrindo vários covens na Inglaterra e na Escócia. Assim Monique e seu marido abriram um coven em Perth, onde Gardner era um visitante bastante regular, tratando Monique como uma sobrinha de fato (Gardner não tinha filhos).
 Rapidamente Monique tornou-se uma porta-voz de Gardner e a imprensa britânica passou a tratá-la como “Rainha das Bruxas”. Como descrevi em Grandes Nomes da Wicca 4 – foi Monique Wilson (cujo nome na Arte era Lady Olwen) quem fez a iniciação de Raymond Buckland. Esta foi a única vez que Gardner e Buckland estiveram juntos e foi a última vez que Monique se avistou com Gardner. Após o ritual Gardner partiu para o Líbano em férias e faleceu durante a viagem de navio.
 E aqui, através do testamento de Gardner,  surgem algumas peças do quebra-cabeças que nos ajudam a compreender um pouco melhor o “Pai da Wicca”. Ele deixou um belo patrimônio para Monique , estimado em mais de 21 mil libras na época, inclusive o Museu na Isle of Man.  Outro beneficiário de seu testamento, Jack Bracelin, recebeu suas cotas na empresa Ancient Crafts Ltda, que ele formou junto com Dafo para adquirir as terras onde foi estabelecido seu primeiro coven.  Outras três pessoas receberam montantes em torno de mil libras cada uma.
Assim vemos que o “velho” estava realmente em boas condições financeiras, tinha posses, e percebemos que (como Prof. Ronald Hutton apontou em Triumph of the Moon) a verdadeira identidade da misteriosa  Sumo-Sacerdotisa que iniciou Gardner em New Forest provavelmente foi Dafo, e não Dorothy Clutterbuck.

Voltando à história de Monique -
 Durante anos a imprensa a ufanizou como "Rainha das Bruxas" para em 1969,  dar espaço a rumores mau intencionados dos vizinhos, que suspeitavam que a filha de Monique (Yvette) era utilizada em rituais profanos e sexuais. Os boatos por mais ridículos e infundados que fossem, repercutiram amargamente e deram motivo  para o governo intervir, arrancando a guarda da menina de seus pais.
O afastamento de sua filha perdurou por três longos anos, só posso imaginar a agonia e o sofrimento que Monique sentiu durante este período. Deprimida, acabou enveredando pelo alcoolismo, forçando seu marido a tomar a frente da família.

Não causa nenhuma estranheza que quando a guarda da menina foi devolvida à família, os Wilson se mudaram da Escócia para a Espanha, optando por morar em um pequeno vilarejo.
Devido à grande distância e a problemas financeiros foram obrigados a vender o Museu herdado de Gardner. Este ato provocou revolta e críticas de diversos Wiccans britânicos, porém a situação de Monique era insustentável, depois de toda a humilhação e sofrimento que passou,  não  tendo como manter o legado de Gardner. Após dois anos de sua mudança para Espanha Monique acabou por ausentar-se da comunidade Wiccan.

Esta sensacional mulher deixou nosso plano de existência em 1982, sendo bastante querida até hoje, principalmente nos Estados Unidos, devido aos trabalhos de Raymond Buckland. 


Referencias: 
Triumph Of the Moon - Dr. Ronald Huttom
Site: http://www.witchcraftandwitches.com/witches_wilson.html